Jorge Bucay é argentino, terapeuta gestáltico e escritor, residente em Espanha. Auto de muitos livros, dá conferências em todo o mundo, palestras em Universidades, entrevistas vistas por milhares de pessoas e publica ainda artigos conceituados.
Nesta entrevista, em “Ratones Coloraos”, sobre o tema relacional e o casal, Bucay fala-nos de como é o amor sem condições e dá-nos algumas pistas sobre a felicidade e a vida. Uma forma de ver que tem muito a ver com a Biossíntese.
Algumas frases da entrevista:
Já não ouvimos o que o outro diz, só julgamos.
O meu pai sempre perguntava: “Para que me pedes conselhos se depois fazes o que queres?
”E eu respondia “Peço conselhos para saber o que quero”.
Confiança é uma entrega, que não tem a ver com exigência. A confiança é um dos 3 pilares principais que, se não existe, não existe casal.
Cuidar o outro não é não o deixar fazer, é permitir que ele explore, como a mãe que deixa a criança brincar e trepar às árvores, mesmo sabendo que pode cair.
Sem me empurrar: no momento em que eu queria, em que eu posso, da forma que eu decido.
Que loucura é esta das mentiras piedosas, são mentiras! A única piedade é a do mentiroso que não tem coragem de dizer a verdade.
O tema dos limites é muito importante, nós acreditamos que se nos amamos não tenho de colocar limites e não há espaços privados. Isso é um erro. Há espaços que são só meus, em que para entrar tem de se pedir permissão
Algumas perguntas e respostas:
– Porque custa tanto ser felizes?-(JB) Sabes o que significa ser feliz?
– …Sim… em momentos pontuais. É um estado de plenitude absoluto, comigo mesma, sentir-me plena e conforme comigo– (JB) Quem sabe se nos custa ser felizes por isso? Porque cremos que a felicidade é estar alegre e contente, passar bem, rir. (…) Se eu puder dar-me conta que ser feliz é estar sereno, quando se vê esse caminho é mais fácil. Mas esperamos tanto da felicidade que é impossível. A felicidade é algo que se passa da pele para dentro e não de fora para dentro. Não deixes de ocupar-te disso, a felicidade não é um direito é uma obrigação
– Mas o que se passa fora tem muito a ver não?– (JB) Não. A forma como vês é que tem a ver. (…) Madre Teresa de Calcutá dizia que os seus pobres não tinham consciência do quanto eram pobres e no entanto a povoação onde viviam chamava-se Alegria…
– Qual o grande inimigo da felicidade?– (JB) Há vários, mas vou enumerar três: medo, vergonha e culpa
– (…) Mas sempre tentamos imitar o outro… porquê? Porque nos custa tanto ser como somos?– (JB) Tens filhos?… Não?… Imagina que um dia tens um filho a que queres muito e queres protegê-lo de todo o mal, e sabes que o mundo tem gente difícil e complicada, então vais ensinar-lhe tudo para que ele seja aceite: lavar as mãos, escrever com a mão direita quando na sua natureza escreveria com a esquerda, não dizer o que pensa, não se vestir como gostaria… então ele cresce neste contexto. E um dia chegas à TV e perguntas porque nos custa tanto ser como somos?
– Qual o grande inimigo do amor?– (JB) Medo, vergonha e culpa
– Mas porque nos sentimos culpados de quase tudo? Onde nasce?– (JB) Nem toda a gente se sente culpada de tudo… Em parte pelas coisas que aprendemos… a culpa é uma exigência projectada no outro. Detrás de cada” culposo” há um exigente, quanto mais exigente mais culposo. Deixa de ser exigente e a culpa passa.
– O que posso fazer para desfrutar mais da vida?– (JB) a verdade é que o que para desfrutar da vida não tem de se fazer nada. O que tenho de fazer para o carro avançar? Nada. Deixa de apertar o travão, deixar ir. A cabeça pode dar-te muita eficiência mas não mais felicidade.
– Todos temos os mesmos medos, em cada homem todos os homens e em cada mulher todas as mulheres…